quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Testamos o Kinect, novo acessório para o XBox 360

PC World / EUA
05-11-2010
Sensor de movimentos chega ao Brasil no dia 18 e permite jogar sem o uso de controles físicos. Preço no Brasil será de 600 reais.
“Você é o controle.” O conceito é tão simples, tão amigável, tão obviamente legal. Pegue um Xbox 360, ligue-o ao novo sensor de movimentos Kinect (que chega ao País em 18/11 por 600 reais; nos EUA sai por 150 dólares), devote alguns minutos para mexer os braços como um guarda de trânsito e você está jogando um game sem controle. É algo um pouco desorientador no início, como subir em um "cavalo" (aparelho de ginástica olímpica) pela primeira vez, e a abordagem imprecisa e casual do periférico não é para todos, menos ainda para os fãs de Wii e do PlayStation Move, acostumados com controles físicos e precisos. Mas nessa tentativa de levar interatividade de corpo inteiro para o grande público, a Microsoft mais acerta do que erra.
Segundo a Microsoft, o periférico é compatível com todos os modelos do console Xbox 360 e não necessita de nenhum outro tipo de aparelho para funcionar. É o oposto do que acontece com o rival PS Move, para o PlayStation 3, que exige a compra da câmera PS Eye.
Mesmo que você tenha gostado do Wii ou do PlayStation Move, o Kinect tende a “te pegar”. Em vez de ficar mexendo controles físicos, você usa todo o seu corpo como controle, escaneado e traduzido graças às câmeras de alta resolução do periférico. Estenda seus braços para abrir um menu. Erga sua mão como se estivesse fazendo uma saudação romana, e então a mexa para controlar a seta na tela. Fale algumas palavras para abrir uma central de navegação e acessar os jogos e aplicativos específicos para Kinect. Aja de modo natural, e na maior parte das vezes, o periférico te diz o que você está fazendo.
O problema é que às vezes ele não “diz”. O Kinect tende a processar gestos lentos ou exagerados sem nenhum problema, mas encontra dificuldades com movimentos rápidos ou sutis. Não sabemos se isso acontece por causa de um atraso, limitação de algoritmo ou poder de processamento insuficiente, mas acaba se traduzido em momentos em que o Kinect parece te ler mal ou até te ignorar de formas que não acontecem com os sistemas das rivais Nintendo e Sony, por exemplo.
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Segundo Microsoft, o Kinect é compatível com todos os modelos do Xbox 360
Tirando da caixa
Instalar o Kinect não poderia ser mais fácil. As câmeras ficam dentro de um tubo preto plástico do tamanho de um rolo de papel toalha, preso a um suporte motorizado que você coloca a uma distância de 0,6m a 1,8m acima ou abaixo da sua TV. Nos modelos mais recentes (Slim) do XBox 360 o periférico é alimentado através de uma porta especial (na cor laranja) na traseira do console. Se você possui um XBox 360 mais antigo, terá plugar o sensor em uma das portas USB padrão do aparelho e alimentá-lo usando um adaptador de parede incluso.
Depois, será preciso realizar alguns exercícios para ajustar a localização do sensor, o reconhecimento de voz e determinar as dimensões de seu espaço de jogo. Falando nisso, se prepare para mudar mesas, sofás e cadeiras de lugar, pois o Kinect exige mais espaço do que o Wii ou o PlayStation Move, por exemplo. Será preciso ficar a pelo menos 1,8m do sensor para jogar sozinho ou a 2,4m para duas pessoas, e isso sem contar o espaço lateral. O peso do gamer também importa no processo, e é preciso ter pelo menos um metro de altura para utilizar o periférico de maneira apropriada.
Mas assim que fizer isso, você está “dentro”, e seu Xbox 360 começa a se comportar como o Wii.
Fale com a mão
Até aqui você ainda está usando o gamepad do console para navegar pelos menus padrão do Xbox 360, mas irá perceber uma janela com uma imagem preto-e-branco no canto inferior direito da tela. Essa é a representação do periférico do seu espaço para jogo juntamente com um avatar vagamente parecido com você. Quando o Kinect te "vê" as mãos do seu avatar brilham, como se estivessem se preparando para lançar um feitiço.
Mexer uma mão para frente e para trás irá abrir o Kinect Hub, o centro de controle do periférico. Uma vez que fizer isso, o Hub fica visível e assume o comando. Outra maneira de trazer o Hub é com um comando de voz. Ao dizer “Xbox”, uma barra preta aparece da parte de baixo da tela e apresenta uma lista de opções de comando. Então diga “KINECT” e o Hub ganha vida.
Depois disso, sua mão irá operar como o ponteiro de um mouse. Movê-la sobre um botão, painel ou ícone selecionável faz com que um círculo apareça e seja preenchido lentamente como um relógio. Mantenha sua mão firme e assim que o círculo se completar o item é selecionado. Mexa-a e o timer é interrompido. Botões de setas nos dois lados da tela te permitem navegar para a esquerda ou direita. Uma vez que tiver selecionado algo, simplesmente mexa rapidamente sua mão na direção desejada para mover a tela para a direita ou esquerda.
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Game "Kinect Adventures" acompanha pacote do periférico, que custa 600 reais no Brasil
Outro problema com a interface envolve usar sua mão para trazer e manter o ponteiro na “zona de conhecimento” do Kinect, que se estende invisivelmente por apenas 0,6m de largura por 0,6m de altura. Sente-se ou saia da zona de detecção do sensor e a seta desaparece, exigindo que você se levante e balance o braço para trazê-la de volta. Uma vez que a seta aparecer, leva mais alguns bons segundos para a “zona” calibrar a sua mão. Em outras palavras, leva mais prática do que você esperaria para ficar bom em “acordar” o Kinect rapidamente e mover a seta na tela.
Dono de um Hub solitário
Com o tempo, você irá perceber que não há muito para se ver no Hub. Você pode mexer com a sua Kinect ID, ver sua lista de amigos, verificar os achievements (conquistas) dos jogos, e vestir seu avatar – coisas que você já pode fazer da maneira mais rápida e precisa com o controle físico. Você também pode lançar jogos do Kinect, entrar ou sair da Xbox Live, assistir a trailers, ou trazer alguns aplicativos habilitados para o periférico. Desses, o novo canal da ESPN e o serviço de música do Zune, da Microsoft, parecem ser os mais promissores, permitindo que você passeie entre seleções de músicas e filmes com as suas mãos de maneira parecida como faz o personagem de Tom Cruise no filme de ficção científica “Minority Report”.
Melhor ainda, pois você ainda pode realizar essas ações usando simples comandos de voz. Diga “Xbox” e “Play Music” (“Tocar música”) para reproduzir uma música, ou “Xbox” e “Pause” para pausar um vídeo. O reconhecimento de voz do Kinect funciona de maneira quase perfeita, e só falha se você falar de maneira muito suave. Se há um ponto negativo é o fato de os algoritmos de reconhecimento não poderem ser treinados para a sua voz, permitindo, assim, que qualquer pessoa na sala diga algum comando e interrompa a sua atividade. É uma pena que não há um comando “Xbox Off” (para desligar o console), mas no momento isso é provavelmente algo bom.
Mas se você está pensando sobre o que mais pode fazer com o Kinect além de jogar, então será preciso esperar pelo que ainda está sendo preparado, ou pelo lançamento de serviços óbvios de terceiros como o Netflix. Até mesmo alguns dos aplicativos existentes do Hub vêm "pela metade", te tirando do Hub quando selecionados e exigindo que você pegue o joystick de volta. Em outras palavras, ainda há uma diferença considerável sobre quais partes da interface do Xbox 360 pertencem ou não ao Kinect.
Games de festa?
Ao jogar os games disponíveis no lançamento do Kinect fica claro que a Microsoft está mais interessada no público formado por famílias e grupos de amigos que querem se divertir com o periférico em festas ou férias, por exemplo. Imagine os jogadores rindo, fazendo piadas e normalmente se importando menos em atingir uma pontuação alta do que com a experiência de jogar (ou assistir) sem serem incomodados por fios ou controles.
É esse tipo de experiência, por exemplo, que te espera se você jogar o game que acompanha o sensor, “Kinect Adventures”, que oferece cerca de uma dúzia de mini-games espertos de “atividades esportivas”, mas sofre com uma falta de precisão para rastrear movimentos. Ou pegue o “Kinect Sports”, que inclui modalidades clássicas do gênero como boxe e boliche, mas sofre com a mesma inconstância de rastreamento do “Adventures”, fazendo com que competições sérias sejam no máximo desajeitadas. Já o jogo de corrida “Joy Ride”, que faz leitura de vários tipos de movimentos, provavelmente se sai melhor ao equilibrar movimentos do corpo com a jogabilidade, mas ainda fica um pouco atrás se comparado com a precisão de um joystick ou controle de volante.
O aplicativo mais promissor de todos nem é um jogo, tecnicamente falando. “Your Shape: Fitness Evolved” "lê" seu corpo e oferece atividades desde yoga até artes marciais e tai chi, e então fica de olho em tudo, como sua dieta e forma. Esse título e “Kinectimals” – um game infantil ridiculamente encantador em que você se torna amigo de bichos como leões, tigres, panteras e leopardos – anunciam o verdadeiro futuro da tecnologia.
Falhas e potencial pouco explorado
É claro que a questão que isso tudo levanta é porque alguma pessoa iria querer mexer suas mãos por aí e levar cerca do dobro do tempo para fazer coisas que já pode fazer – com maior precisão e velocidade – utilizando um joystick ou controle de movimentos. A resposta é que ela não iria. O Kinecté ótimi para demonstrar em uma festa ou reunião de família. Mas para jogar de forma prática diariamente ele é uma ideia maravilhosa com um ótimo potencial, mas que ainda precisa de uma interface mais inteligente e controles melhores.
Kinect
Fabricante:Microsoft
Pontos fortes:Ótimo potencial futuro Bom número de títulos no lançamento, sendo 19 só em novembro, segundo a Microsoft
Pontos fracos:Problemas de precisão Recursos ausentes ou incompletos Interface inconsistente Preço alto (no Brasil)
Preço:600 reais (inclui game "Kinect Adventures")

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